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Happy Valentim
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Happy Valentim

Era um dia como este que te conto, não fosse Miss Daisy sentir-se estranhamente estranha. Estava indisposta, ovelhada, descursuada, desde a tarde. No recreio, o desastrado, barrigudo e eriçado Ouriço Valentim chocou com ela. Duas curvas apertadas em volta da cerejeira e de repente –Pááasss! Uma bola picuda com olhos gigantes e bochechas rijas, estava perto de mais!
Habituado aos sustos que causava aos outros bichos, pois que Valentim até puxou os braços para trás e, arqueado como um galo de peitaça corada, lá evitou picar a amiga, mas não sem chocar contra o nariz doce e delicado de Miss Daisy. O contacto foi inesperadamente macio. O peito do Valentim era fofinho, rosado e cheirava a alfazema almiscarada e frutos silvestres. Miss Daisy, de susto, deixou escapar um – Áiii Tu Picas! Desastrado!
E agora pior! Ainda lhe doía o nariz. E pior! Não lhe saía aquele cheiro da lã! Como se os belos saquinhos de alfazema da Avó tivessem tomado vida e corressem felizes pelo cercado da escola a perfumar o pelo às ovelhas incautas.

  • Ele pica! Disse Miss Daisy ao seu amigo Brisas.
    – Ele pica?! – E dizes isso a um Castanheiro, carregado de ouriços?
  • Mas ele devia ver por onde anda! Agora o meu nariz avariou-se. – Aquele ouriço destravado devia ficar de castigo, até aprender a andar em sociedade!
    O Brisas sorriu contido. Depois sorriu com as castanhas todas! E finalmente, numa paragem repentina, todos os ramos começaram a torcer-se até que, numa explosão de riso, o Brisas exclamou: – Ouriço sem castanhas AhAhAhAh! Tu gostas de um ouriço sem castanhas!
    – Pára! Não tem piada!
  • Oh Daisy… – Tu gostas do Valentim!
    – Não gosto nada!…
  • Daisy minha querida, diz ao teu amigo que me venha visitar, os meus ouriços já gostam dele. – Reboludicho como uma botija de água quente e picante como eu! Vou gostar de conversar com ele! E tu, se te sentares com ele um bocadinho, vais ver que também melhoras dessa rinite!
  • Qual rinite?
  • Atão rinite… – Diz-me que não tens um formigueiro na lã, como se estivesses sentada lá em cima, nos ramos finos, a ver do mar? E que o peito não se apertou, a bater maluco, como se tivesses corrido a manhã toda e agora, ao respirar, houvesse um cheiro almiscarado em
    todas as ervas do prado? – Rinite!
    Desde a ponta dos cascos até ao caracol mais lãzudo, Daisy acordou para uma presença que a tomava por inteiro, como se sempre a tivesse habitado e fosse dona do seu casaco de lã e do seu miolo. Chateada como estava, Miss Daisy descaiu as belas queixadas e
    suspirando, respirou pela boca, apenas para ver encher o mundo de uma alegria tão Happy que quase sentiu as bochechas a explodir- Rinite!
    Estava com rinite!
    E apetecia-lhe gritar isso ao mundo!
  • HAPPY Valentine Day!

AMS

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